quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Rimas incertas


Preciso de um pensador
que me ajude a entender de dor
de sonho ,esperança e vida.

Preciso de um pensador
que me ajude a encontrar
uma perdida ilusão
já dormente e esquecida.

No fundo da mente onde nada sinto
apenas choro,e oro
ora no passado,ora no futuro,
presente se esvaindo
virtualmente distorcido
fingido...

Preciso de um pensador
que me ajude a desvendar o mistério
da mente e do coração em duelo
da antítese do que sou e do que quero
do meu ridículo poema sincero.

Preciso de um pensador:
que clareie,à luz da simplicidade
tudo que já sei mas não tenho coragem
que tansforme as rimas tolas em versos
que corra os riscos por mim
que nunca atire a primeira pedra
que resolva e não explique
que ame e não me critique

Um bobo,palhaço,criança:

que saiba sorrir
que ouse partir
e navegar
que saiba esperar
que venha,enfim

Preciso de um pensador
preciso de um lider
preciso de mim...

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Primavera

É primavera
Tempo de flores
Num templo de amores
Perdidos e achados
Sempre semeados
Pelo vento que passa
Insistindo em ficar...

Sou feliz como o sol
A flor e a brisa
Que esta estação eterniza
Quando se pode amar...
Guarde ao menos meu perfume
Porque morro de ciúme
Se a primavera passar.

Abra os braços e corra
Sinta a vida e me espere
Que eu chego já
De sorriso novo
E um vestido aberto
Desabrochando em cores
Pra te encantar...

(Edilene Santos-Caçando estrelas)

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Encerrando a gosto


Chora o mundo todo lá fora
Desaba a tempestade
Que o amor calou em mim.

Chora e eu choro e ouço a chuva
Desilusão e dor sem fim.

Folhas,galhos,flores na enchurrada
Pelas ruas,pela escada,
E na vidraça o meu jardim

Sorri encabulado e entristecido
Por amar e se entregar á chuva assim...

Chora a tempestade lá fora
Desaba o mundo,deságua
Toda a mágoa cabe em mim.

Eu aqui sozinha meditando
Mil porquês tamborilando
No telhado envelhecido

E na estampa do vestido
Que das lágrimas vão brotando.

Chove e não é dia de ouvir Bethânia
Bethoveen não vai ao piano
Melhor adiar qualquer plano.

Já rezei,chorei,blasfemei
Quis jogar tudo pela janela
Tentei me convencer,
entender,superar,não dá:

Chove e eu só preciso acreditar.

Se a vida me botou num labirinto
Num jogo sem saída,
Numa brincadeira de mau gosto.

Vou me despir de toda loucura
Me despojar de qualquer usura
Encerrar o mês de agosto.

Deixo os bens,a casa, os móveis
Os retratos,cartas,lembranças,
levo comigo somente as crianças
meus tesouros mais sinceros.

Vou de barco,navio,bicicleta
Deixe sempre uma porta aberta
Na primavera hei de renascer.

Chove manso,devagar agora...
No suspiro doce de meu ser
Pode desabar o mundo lá fora

Na primavera estarei com você...

sábado, 5 de setembro de 2009

Os anjos da vida


Esse poema (bem simples) sempre me trouxe grandes alegrias.

Talvez porque ele seja fruto de uma criança que insista em brilhar dentro de mim, talvez porque com ele eu tenha colhido os mais deliciosos sorrisos de outras crianças.


Certa vez,fazendo uma oficina poética (se é que poesia é coisa de oficineiro),perguntei a todos como seria um alameda dos sonhos,considerando que antes eles haviam definido alameda como rua.


Pensaram,pensaram e diziam só coisas meio óbvias como uma rua bonita,uma rua florida,etc...


Até que para instigá-los eu disse:Vamos lá, gente é a rua dos seus sonhos!


Então uma menina lá no fundo,cujo rostinho eu nem conseguia ver na sala lotada disse:ah...a minha teria um chafariz de pipoca!


Isso mesmo eu disse,diante do riso geral.E a onda que se espalhou a seguir me emocionou:


Chafariz de chocolate!Escorregador de chocolate!Poste de sorvete!Anjo,estrela,bala,fadas...


Foi uma tarde linda e a poesia invadiu o coração de todos.No final eu ganhei vários versinhos,beijos e abraços,enquanto distribuia balas e poemas (tirados da caixinha prateada que sempre colocava em cima da mesa).

Acho que eles entenderam que a poesia não está na construção de palavras, mas na nossa maneira de ver o mundo.
E eu,como sempre,voltei pra casa feliz e me sentindo abençoada em partilhar alguma coisa com esses anjinhos que tem tanta doçura e tanto a nos ensinar...


Um anjo


Um anjo subia pela alameda dos sonhos

Levava uma estrela

E uma caixinha de surpresas.


De repente ele viu

Um menino tristonho

Bateu asas e surgiu

Um acalanto pro seu sono.


Dentro da noite estrelada

Anjo e menino se abraçaram

E a caixinha foi deixada.


Estava cheia de sonhos

E de estrelas prateadas

Cheia de surpresas coloridas

E alegrias imaginadas.


Pela manhã o menino risonho

Abriu a janela de mansinho

E jura ter visto através do sol

Seu anjo virar passarinho.


(Edilene Santos-Caçando Estrelas)













quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Sentido único


Faixas faróis e placas

Que orientam

Como regras sensatas

Que a sociedade inventa.


Toda escolha implica

Em perder ou ganhar

Toda estrada a gente pega

E nunca sabe onde vai dar...


A sociedade de regras e placas e fumaças

Esquadra e enquadra a vida

Que escapole sempre de alguma forma

Como água que não quer ser contida.


Pelas avenidas de asfalto cinzento

Trafegam paixões e sentimento

Na cidade invisível das almas

Que lutam contra o cimento...
(Edilene Santos)








terça-feira, 25 de agosto de 2009

Em suspenso




Ter a vida em suspenso
um quase nada
beira do abismo
encruzilhada...


Ter a vida em suspenso
fragilidade e tensão
os dados na mesa
sem cartas nas mãos.


Ter a vida em suspenso
suspiro congelado
desespero mascarado
pensamentos a rondar:


Sou tão pouco
um quase nada
diante da vida
de sentença anunciada...


É abrir os braços
e esperar o vento
rezar baixinho
num fio de voz.


Esperar em Deus
que se vá o tormento
E se houver algum sol
que ele brilhe por nós...
(Edilene Santos)




segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Uma tarde muito especial

(Fábio Lisboa,Marcelino Freire,Lidiane Oliveira,Rui Mascarenhas,Edilene Santos,Marcelo Nocelli)

Jovens da UI Paulista mostram talento e surpreendem poetasPor Assessoria de Imprensa, em 21/08/09 19:21

“Convive com teus poemas, antes de escrevê-los”. O verso do poema de Carlos Drummond de Andrade foi materializado pelos adolescentes da Unidade de Internação Paulista. Os jovens levaram ao pé da letra a sugestão do poeta e colocaram no papel ideias e experiências, e trouxeram à tona a suas concepções de mundo. O resultado pôde ser visto em Sarau, realizado na unidade nesta sexta-feira (21 de agosto).

Com versos sensíveis, porém fortes, os adolescentes penetraram “surdamente no reino das palavras” e conseguiram tirá-las do estado de dicionário. Eles deram sentido a cada vírgula e ponto e mostraram aos poetas Marcelino Freire, Marcelo Nocelli, Fábio Lisboa, Edilene Santos e Lidiane Oliveira as referências que os levaram a escrever.

Os poetas estiveram na unidade para ler seus contos, poesias e contar histórias, mas, além disso, esperavam poder trocar experiências ao ouvir o que os jovens escreveram. O que eles não esperavam eram ver exemplos de superação e muito talento.


O sarau foi resultado de um trabalho que começou durante as férias de inverno dos adolescentes. Naquele mês, os jovens foram inseridos no projeto PraLer, de estímulo à leitura, da Organização Poeisis Social de Cultura, da Secretaria da Cultura do Estado. Por meio do projeto, a biblioteca da unidade foi organizada e uma oficina de escrita, realizada. “O sarau é resultado dessas atividades”, explica o coordenador do PraLer, Rui Mascarenhas.

No início, ainda acanhados, os jovens apenas ouviram a letra forte da música do grupo Teatro Mágico, “Senhoras e Senhores”, falada por Lidiane Oliveira. Em seguida, começaram a se soltar um pouco, quando Fabio Lisboa contou a eles a história de um homem que ao virar juiz não sabia a quem dar razão, pois, para ele, todos a tinham.

Edilene Santos encantou ao recitar o poema, de seu livro "Caçando Estrelas".
Mascarenhas, com voz forte, interpretou outro verso, que fez os jovens se soltarem de vez. Mas foi quando Marcelo Nocelli leu um conto seu, em que fala da primeira vez que pisou na paulicéia desvairada, é que os jovens se sentiram seguros para mostrar o que tinham no papel.

Marcelino Freire, poeta premiado - ganhador do prêmio Jabuti de Literatura em 2006 por “Contos Negreiros” e indicado para o mesmo prêmio, deste ano, por “Rasif” – leria um conto seu, mas se surpreendeu com o acervo da biblioteca da unidade, onde achou um livro de Patativa do Assaré, e leu um dos poemas do poeta cearense.

A hora e a vez deles
Depois da rodada dos poetas, foi a vez dos adolescentes lerem o que escreveram. A expectativa e ansiedade estavam presentes. Demorou menos de um minuto para o primeiro jovem se levantar, apresentar-se aos demais, e bradar o que tinha escrito. As palavras, um pouco acanhadas, faziam referências a Martin Luther King, Ernesto Che Guevara, Gandhi, Nelson Mandela, Bob Marley e Zumbi, o que deixou os poetas impressionados. “É um poeta pronto”, afirmou Freire.

No entanto, nada os surpreendeu mais que a fala de um dos jovens. Ele não escreve poemas – “não levo jeito pra isso”, disse -, mas leu. A surpresa neste fato é que ele, como muitos adolescentes que entram na Fundação CASA, não sabia escrever, quanto mais ler. Foi na unidade, com auxílio dos educadores, que o jovem descobriu as palavras.

Incentivado pelos colegas, o adolescente não leu apenas um poema, mas três. E a cada palavra, pronunciadas ainda com certo esforço, ele sorria, como quem sabe a importância de cada sílaba. A fala ainda truncada rendeu aplausos de todos e lágrimas dos educadores. “Que exemplo de persistência”, maravilhou-se Marcelino Freire, que doou livros para o acervo da unidade.

Para Mascarenhas, o resultado do encontro superou as expectativas. Ele afirma que a literatura e a poesia têm o poder sim de transformar e deixou um recado àqueles que ainda se sentem retraídos para escrever ou fazer qualquer coisa que seja. “Nada está lá fora, tudo está dentro de nós. A gente não encontra paz em lugar algum, quando não encontramos paz em nós mesmos”. Se a ideia era deixar uma semente, pode-se dizer que a poesia já fez crescer uma muda.

(Texto extraído do blog da unidade paulista)

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

É bonito
grande
infinito
profundo
É a porta do mundo
ecoando meu tempo.
Lento
um sopro
varre o vento
uma paixão
outro tormento:

coração galinha
coração jumento...

(Daniel Alexandrino)

domingo, 9 de agosto de 2009

Ser Pai




Ser pai é ter a humildade de ser coadjuvante numa peça em que o novo astro ou estrela, vai depender muito de seu talento e experiência.


É acompanhar com encantamento e enlevo o novo artista, mesmo quando ele parece roubar a cena, o tempo e o coração de sua amada.


Às vezes é resgatar de um outro projeto e adotar essa criaturinha para atuar ao seu lado,sem fazer distinção qualquer quanto ao curriculum ou a companhia de onde ela possa ter vindo.


É perder o sono, fazer planos, enxergar-se nos traços, nos abraços, nas piruetas e trapalhadas...


É rir e se emocionar diante da possibilidade de resgatar em si mesmo o menino quase esquecido diante dos dramas da vida, para voltar a ser criança. Bancar o pirata,o herói,o palhaço, o dragão.Fazer cara feia, rindo por dentro, da esperteza de seu pupilo.


É vê-lo crescer, ganhar o mundo, ampará-lo sem podar sua iniciativa.Educá-lo e transmitir seus valores sem impedir que ele agregue novos valores e conceitos ao seu próprio roteiro.


É ter medo demonstrando coragem...


É ter coragem para admitir erros e falhas. Ter bondade e amor para suplantar as possíveis decepções. Aceitação...


Ser pai é assumir um papel importantíssimo.É formar novos atores para recriar o teatro da vida.


Sempre dá certo e a única receita plausível é trabalho e amor! De preferência muito amor.


E quanto a nós filhos resta abraçar,agradecer e dizer: obrigada pai!Eu amo você!
*(foto do meu pai com o netinho Fê.Lindos!!!)

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

PERFUME



Fosse nosso amor um perfume
Traria notas acentuadas de ciúme
Sobre um fundo amadeirado de nostalgia.

Fosse nosso amor um perfume
Diáfano,leve,estonteante
Dia a dia eu o usaria...

Traria o lancinante som de um sax
A angústia de um piano noturno
A orquestra das flores e meteoritos
O cheiro das dálias e antúrios.

Uma mistura de pureza e doçura
Um toque de feitiçaria.

Fosse nosso amor um perfume
Com sorte me sufocaria...

sexta-feira, 17 de julho de 2009



PERNAS INQUIETAS

OLHOS DE LUZ



BOCA ENTREABERTA


DESLIZA PARA O MEIO DO SER


LAGO DE CHEIROS E DE CHAMAS


ENROSCA , CORRE


ESCORRE E TROCA


SUFOCA , SOLTA


TRAQUEJO CONFUSO BEIJO OFEGANTE


ALTERA OS PLANETAS


ACORDA OS VIZINHOS


TÃO FARTO


TÃO GOZO



TÃO NOSSO DE CADA DIA


NOS DAI HOJE !



AMÉM!






(Daniel Alexandrino)

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Saudade















A saudade é a cortina improvisada

com um cobertor azul
só pra sentir o suor do teu corpo
sob o baque solto
do meu maracatú
Daniel Alexandrino

terça-feira, 14 de julho de 2009

Campos


Quisera eu saber das estrelas
E dos estranhos segredos humanos
No acalentar da esperança,semear amor.


Quisera eu recolher dos campos
Os girassóis e as ovelhas
E transformar os medos em pântanos
Inundando as sementes da dor.


Quisera eu conhecer os mantos
Que se estendem sobre as coisas inexplicáveis,
E tecem no coração humano a imperfeição.


Mesmo diante da natureza gloriosa
Que uma estrela pra ele plantou,
Mesmo diante do perfume da rosa


Que ciência nenhuma explicou...


(Edilene Santos-Caçando Estrelas)

sábado, 11 de julho de 2009

Cochilo de menino



Caixinha de sonho

Música de embalo

Rede na varanda

Tosquenejo de estalo

Cochichos de grilo

Cantares de galo

Carneiro tosqueado

Bocejos de anjos

Sabiá no galho...

Caixinha embalada

De notas e sonhos

Guarde os meus tesouros

Que amanhã apanho.

Estalos de rede

Varanda tosqueneja

Cantam alguns grilos

Já cochilam galos...

No canto da boca

Um gosto de amora

Conta não pro pai

Que ocê também namora...

Corridas nas campinas

Fogem lentamente

Flores e meninas

Acenam docemente...

Galo de campina

Crina de cavalo,

Cavalo do campo

Pastagem e milharal

Tudo repousando

Roupa no varal...

Balouçando leve

Ao som do fim de tarde

Lembranças da fogueira

Que inté agora arde...

Bodoque e vagalume

E o doce negrume

De uma noite quente...

Pés no ribeirão

Cabeça nas nuvens

Nuvem travesseiro

Reprisa o dia inteiro:

música

sonho

carneiro

boca

menina

amora

varanda

cochilo

bodoque

travesseiro

travesseiro

travesseiro...

(Edilene Santos)

*foto by Neiva Passuelo-série meninos

terça-feira, 7 de julho de 2009

Poema para Ruth



Ruth é planta,flor,perfume
tão entranhada na natureza
que a gente até sente ciúme.

Ruth com prazer pegaria
a casca dourada dos dias
pra fazer artesanato.

Juntava as raízes,os cipós e os gatos
levava os amores,frutos e cores
pra morar no meio do mato.


Por dentro ela é guerreira
por fora é toda festa
Com seus meneios de santa
e sua fala modesta.

Mãe,sábia,sacerdotiza
sabe tudo e ri do mundo
e a gente brinca:ela não presta!

Raio,União,Tesão,Hombridade
a ruth é a Ruth
qual a novidade?
Ruth é planta,flor,perfume
tão entranhada na natureza
que a gente até sente ciúme...

Cachoeira de emoção
Corrente de água marinha
queda dágua,turbilhão.

Claras águas de ribeirão
Concha,mar,areia
Ruth mulher,Ruth sereia.

Sossega teu coração
que até o dente de leão
desabrocha ante teu olhar.

Sossega teu coração
até mãe terra
vem te amparar...

Tua casa,teu reino,

teu canto de enamorar
Tem o selo da alegria
proteção de Iemanjá.

Tuas mãos tem parceria
produzem ervas e magia
e doçuras pra quem chegar...

(Edilene Santos)

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Bar e poesia


No princípio eram apenas bares comuns...até que um dia...ou melhor, numa noite; dessas noites especiais em que notívagos,vagabundos, poetas e loucos, contemplam estrelas e sonham com a ínfima possibilidade de magia e transformação;ela surgiu:


Veio com seu gingado de samba

com um jeito leve e travesso

atravessou a rua e adentrou o bar.

Sem fita...sem pompa...

Foi logo descendo do salto,

dispensando seus arautos...


Andava meio entediada

de bailar pelos salões antigos,

de viver eternamente de castigo

nos museus e relíquias do passado...


Ela, a flor mais bela

a deusa,a musa,a mulher

chamem-na como quiser:

A Poesia em carne e osso!


Brincou com os copos

acendeu um cigarro

Roubou um sorriso

deu mais um trago.


Ganhou os meninos do rap

do rock,do pop, do soul

ganhou beijos e afagos

chorou com gosto amargo

gostou dos aplauso...e ficou...


E gostou de ser humana

e de ouvir das bocas simples

histórias dos becos e das quebradas

de vilas,de maravilhas

de gente apaixonada...


Desde então ela passeia

sem cerimônia alguma

pelas noites paulistanas.


Não tentem aprisioná-la:

ela é senhora

e soberana.


Não pertence a ninguém

não se dobra, não se vende

mas se rende faceira

a todo aquele que queira

sonhar com um mundo melhor.


De palavras e atitudes

de poetas e alaúdes

De riso e choro em prol do amor...



(Edilene Santos)


*Minha homenagem e gratidão a todos os que amam,divulgam e promovem a Poesia.






quinta-feira, 25 de junho de 2009

Boa sorte




Dizem que os romanos comemoram no dia 24 de junho o dia da deusa da sorte.




Não sei se coincidência ou não,mas encontrei ontem um poema que fiz há algum tempo sobre isso.Espero que gostem e que traga boa sorte pra todos nós!








CHEGA DE LEVE

E NOS BEIJA A FRONTE

BRINCA SUAVE,

UM RISO NA FACE,

MULHER CAPRICHOSA

DANÇA FACEIRA

ESPALHA OS CABELOS

ATIRA O VÉU...

TRÁS PRESENTES DE SOL E DE LUA

TEM NAS MÃOS AS ESTRELAS

DE PRATA TÃO PURA...

FADA MADRINHA

ME VESTE PRO BAILE

ME CALÇA OS SAPATOS

DE PURO CRISTAL.

LEVA-ME AO PRÍNCIPE

LEVA-ME AO PALÁCIO

DO TESOURO MATERIAL.

APRESENTE-ME AO NIRVANA

PRA QUE EU COLHA E ESPALHE

OS DONS CELESTIAIS.

DANÇA COMIGO A DANÇA DOS DEUSES

DOS AGRACIADOS

COM ESPERANÇA E AMOR

E A TI MENSAGEIRA

ANJO DA BOA SORTE

SEREI SEMPRE GRATA

TE ACOLHEREI EM MEU PEITO

PRESENTE SAGRADO

POR DEUS ENVIADO

A QUEM TODA ME DEVOTO.

TRAGA A MIM SABEDORIA

PRA ESPALHAR PELOS MEUS DIAS

E UM AMOR ETERNO DE FATO.

E SE PECADO NAO FOR

AINDA OUSO PEDIR

COM REAL CLAMOR

SEJAM TODOS OS HOMENS

PEQUENOS OU GRANDES

FORTES OU FRACOS

IGUAIS PERANTE O TE FAVOR...















terça-feira, 16 de junho de 2009

Lá fora


Que há la fora hoje que me encante
E torne minha manhã possível
E passível de deslumbramento?

Que coisa há concreta e visível
Que me proporcione bons momentos?

Abro a janela e nada vejo
Tudo repousa absolutamente igual

E adio a grandeza que almejo
Para um amanhã novo e fatal.

Todos os dias repito a tarefa
De buscar além do horizonte
Qualquer coisa que me valha o ontem.

Vou matando assim as madrugadas
As tardes e noites passadas
E ansiando um futuro que não tarda.

Que há lá fora hoje que me encontre?

(Edilene Santos-Caçando Estrelas)








quarta-feira, 10 de junho de 2009

Saudade

A saudade é a cortina improvisada com um cobertor azul
só pra sentir o suor do teu corpo
sob o baque solto
do meu maracatú


Daniel Alexandrino

Chuva

Lá fora uma chuva fina desabou a chorar.
Por trás da vidraça ,eu,olhos fixos vidrados.
Um colibri voou rápido e procurou abrigo,
Pairei os olhos no ar.
Um vento leve balançou os galhos,
Meu coração trancado,sem ar.
Chuva,vento,pássaros e folhas
Brincam com força a me desafiar
Com raiva fechei a janela
Apaguei as luzes e as vozes
Só vou sair, quando a chuva passar.

(Edilene Santos)


terça-feira, 9 de junho de 2009

A casa

A casa é o espaço pra acolher,proteger,pra se resguardar...é também o espaço que gostamos de dividir com os amigos, com aqueles a quem queremos bem.
Símbolo do nosso espaço pessoal,da nossa psique, no mundo dos sonhos.
E quanta gente não anda por aí a sonhar com uma simples casa real de alvenaria,de chão batido, de janelas e portas simples pra se abrigar e abrigar os seus...


Esse pequenino texto escrevi há muitos anos,e fala desse espaço tão sagrado e querido.

Minha casa não era nem branca nem florida,tampouco ao Leste voltavam-se as sua janelas...mas na poesia de minha infância,corria a dar voltas no quintal,saudando o sol que nascia por detrás dela...

sábado, 6 de junho de 2009

ULtima Poesia Humana



Um beija-flor pousou na antena
E beijou as próprias penas
Aspirando uma flor que não havia.

O canto do galo ecoou distante
E eu acho que ele sabia...
E temeu o amanhã seguinte
Que não mais anunciaria

Uma última pétala esquecida
Cobriu o último dos mortais
E ela mesma embevecida
Plantou-se pra nunca mais...


Veio o silêncio e a escuridão
Numa saudade infinita
Que se espalhou pelo Universo

Veio a tristeza na amplidão
De tantas galáxias bonitas
Espalhadas por mundos diversos,

E assistiram à calmaria que se instalava
Ante as lágrimas de um olhar perplexo...

(Edilene Santos)









sexta-feira, 5 de junho de 2009


Bom dia!Lindo e frio dia.

Não dá pra começar a escrever hoje sem falar da noite de ontem:
Maravilhoso o I Encontro Poético Saraus literários lá no memorial da América Latina.

Confesso que me perdi um pouco até achar o tal do portão seis(tudo bem eu não tenho bom senso de direção mesmo),mas consegui chegar e assistir a um excelente debate.

Frederico Barbosa,Sergio Vaz,Antonio Vicente Seraphim Pietroforte,Sacolinha,Rui Mascarenhas, compunham a mesa de debate.

Cada um deles falou de suas experiências e aspirações como escritores.E contou um pouco do caminho da pedras até a publicação de um livro para quem está começando.

Na platéia gente bonita de todos os cantos de São paulo.Representantes e participantes dos diversos saraus que se espalham pela cidade,mais alunos e professores da Uni Nove.
Debate lindo,inteligente(parecia programa do Jô,só que sem o Jô)rs

Não posso deixar de mencionar aqui a manifestação de amor e carinho ao nosso amigo Sérgio Vaz.Aplaudido ,merecidamente, de pé por seu carisma, simplicidade e porque sabe, como ninguém dar o recado do povo.

Muito se deve a ele quando se fala em saraus pela periferia.Foi um dos precursores,um dos que acreditou que a periferia também tem carência de livros, e de poesia.Nos mostra que mudar é possível com um pouco de boa vontade e atitude.

Saudações poéticas!

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Da periferia para o mundo!

Faz um frio terrível esta manhã.Ao menos para mim que não suporto baixas temperaturas.Nunca entendi direito essas pessoas que pagam uma fortuna pra ver neve...brrr
Apesar do frio intenso espero que amanhã seja um dia,ou melhor uma noite, de acaloradas participações poéticas em São Paulo.
Vai acontecer no Memorial da América Latina o I ENCONTRO COM A POESIA URBANA: SARAUS LITERÁRIOS – DA PERIFERIA PARA O CENTRO.
A idéia é levar para o centro pessoas ligadas aos numerosos saraus que se espalham pela cidade de São Paulo,mais precisamente nas áreas de periferia.
As vezes acho estranho definir qualquer de minhas criações ou de quem quer que seja como literatura da periferia.Talvez porque imagino a literatura e principalmente a Poesia como algo acima de qualquer fronteira ou barreira geográfica.No entanto é inegável que a periferia possui identidade,cultura e linguagem própria e que de alguma maneira tudo isso sempre estará refletido na literatura dos escritores considerados"periféricos".
A aproximação maior desses saraus e desses movimentos literários me fizeram enxergar melhor alguma questões.
Sabemos que a Língua é uma Instituição e que toda instituição,dentro do capitalismo, funciona como divisora de classes. Logo, quando a periferia encontra espaços para refletir,produzir textos e criar espaços para verbalizar,expressar-se poeticamente,ela cobra a parte que lhe cabe e o reconhecimento como participante dessa instituição, diminuindo assim um pouquinho dessas margens.
Há muito que presto atenção às sábias palavras do povo que circulam por aí.
De repente fica claro pra mim que "é nois na fita" significa que o "povo lindo, povo inteligente",como diz Sérgio Vaz, também se vê e se sente nas telas,na mídia,ocupando seu espaço.
De repente fica claro também que "é tudo nosso e se não for nóis toma", não siginfica violência, revolução armada mas armar-se de argumentos e de idéias pra impor nosso jeito de falar e tomar nossos acentos, se não nas cadeiras dos imortais, ao menos no reconhecimento de que toda linguagem é nobre.
E não pára por aí não: não são só os periféricos que descobriram e estão demarcando nossa língua, são os índios,os sertanejos, os caipiras,os tupiniquins, sim, com muito orgulho e sem papas na língua!Doa a quem doer.
Quer saber mais,discutir,entender?Vai lá pra ver.Tá feito o convite.


I ENCONTRO COM A POESIA URBANA: SARAUS LITERÁRIOS – DA PERIFERIA PARA O CENTRO
Tem como objetivo conhecer a produção de saraus organizados em vários pontos da cidade de São Paulo e discutir a importância da manifestação dos artistas da periferia, mostrando que ela tem voz e que essa voz também é poética. Para conhecê-la e reconhecê-la como uma autêntica manifestação literária nacional, é preciso não apenas ir à periferia, mas também trazer a periferia par o centro.
PROGRAMAÇÃO -Dia 4 de junho (quinta-feira), das 19h30 às 22hMemorial da América Latina - Biblioteca Latino-Americana Victor CivitaEntrada pelo portão 6

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Debates e discussões

Ontem foi um domingo diferente.A turma lá do sarau da Ademar se juntou para a costumeira reunião e depois assistimos ao filme Quanto vale, ou é por quilo?
Logo após fizemos um amplo debate para discutirmos algumas questões relevantes como as relações de poder em nossa sociedade, o assistencialismo, o papel das ongs, o marketing a serviço do pensamento capital,etc.
Muito bom,muito enriquecedor e eu acho que todos devem ver.Hoje porém, passado o efeito inicial e o impacto primeiro do filme eu acordei me perguntando, numa sociedade onde tudo e todos parecem ter um objetivo final,um objetivo por trás do objetivo,qual será o interesse escondido aí?
Quantas vezes a gente lê um artigo,vê um filme,uma exposição,assiste a tv,sei lá, e não faz um julgamneto mais crítico e acaba "comprando" a idéia que nos foi passada inquestionavelmente como verdade absoluta.
Não é uma tarefa das mais fáceis num mundo com tanta informação, mas vale a pena tentar...

quinta-feira, 28 de maio de 2009

A maior flor do mundo

Hoje,passeando pelos milhares de blogs, lendo aqui e ali,fui parar no Caderno de José Saramago.
Confesso que não sou exatamente uma literata,uma profunda conhecedora dos clássicos brasileiros nem muito menos dos estrangeiros.Assim sendo,conheço bem pouco de sua obra.
Há muito desisti de ler todos os livros do mundo(convenhamos ,não dá), ou todos os de leitura obrigatória(também não dá).
Assim permito-me sempre fluir nesse mar de palavras poéticas e vou pescando aqui e ali o que me interessa, o que me chama a atenção.
Foi assim que descobri o curta A maior flor do mundo.Lindo,de uma sensibilidae ímpar,uma lição pra crianças e adultos.
Não vou impor aqui minha vontade, de maneira alguma, deixo à você leitor a delícia de descobrir essa preciosodade que certamente despertará o seu interesse sobre outros trabalhos de Saramago.
Faça girar sua boa vontade, sua sensibilidade e confira...
Pra mim, valeu o dia!
beijos poéticos a todos

*ah...o video está no youtube (facinho ,facinho)
http://www.youtube.com/watch?v=-KTL94Rl7CI

Girassol



Um girassol esquecido
De olhar perdido
fitava o sol.

E resplandecia
De calor e energia
Num riso só!

O girassol esquecido
Sentia-se tão querido
Que dava dó:

Do amarelo esmaecido
nas tardes poentes
Onde o sol ausente

Transformava-o em gira...
só...


(Edilene Santos)

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Enquadramento

Quem sou eu que me atrevo a esta altura da vida escrever no mundo virtual?Um mundo já tão cheio,tão repleto de informações e de impressões da vida,feito uma cidade velha, já desgastada e sem espaço pra novos imigrantes?
Não sei...nem eu mesma sei...Sei apenas que escrever é urgente e preciso, pois que a alma transborda e a lágrima cai mais uma vez.
Quanto mais eu busco companhia mais me encontro sozinha e mais me atino a idéia de uma labuta solitária.
É estranho ser escritora,entender-se escritora.Escrevo pra que?Para quem?Quem haverá de me ouvir?
As vezes me canso, canso de buscar minha identidade,meu grupo,meu espaço que é ao mesmo tempo o espaço de todos nós.
Não sei porque ainda há tantas muralhas,tantas barreiras,tantas margens, mesmo no discurso de pessoas que se dizem não preconceituosas,iguais.
Há muita gente brigando contra o sistema,mas que na verdade, na prática, só reconhece aquilo que é sitema.
Pra trabalhar precisa ter experiência e registro em carteira, pra ser empreendedor há que ter dinheiro,ambição,disposição e sorte, pra ser bom tem que ter credencial,ser monge,padre,santo,sei lá...tem que ter crachá,indicação,permissão.
Precisa pertencer a classe a,b,c,d,e...mas tem que se enquadrar de alguma maneira,sempre...
A Poesia parece-me assim o único espaço onde ainda é possível fugir desse enquadramento,desse pensamento positivista,racional,radical...alçar voos maiores, de preferência numa vertiginosa espiral.

Mulher

Mulher... Tens sete sentidos São sete chaves do poder. Mulher Mística flor, Pétala serena, De uma árvore suprema, Indecifrável mis...